Entre os dias 6 e 9 de janeiro, são datas históricas e culturais muito importantes para o município de Itaparica, localizada na Ilha de Itaparica, na nossa querida Bahia e maravilhoso Brasil, terra de águas deliciosas e paraísos ecológicos.
Nesta data comemora-se a Festa dos Caboclos, que neste ano de 2021, completou 198 anos de emancipação, comemorados desde 1824, com muitas alegrias e animações, das pessoas que presenciam a passagem da imagem do caboclo nos cortejos contagiantes, para quem acompanha todos os rituais dos festejos, muitos se arrepiam, mas em bom sentido, a festa é fascinante. Esse ano não ocorreu muita folia, por conta da pandemia com a doença do coronavírus, a Covid19 e o #fiqueemcasa foi a melhor opção, infelizmente.
O que nos conta alguns contos em registros históricos e moradores, foi que os primeiros habitantes dessa cidade eram os índios Tupinambás, e em 1510, o Diogo Álvares Correia, mais conhecido como Caramuru, foi um dos principiantes portugueses a definir moradia na Bahia, quando se encantou com a belíssima índia da tribo Tupinambá, filha do Cacique Taparica, casando com ela logo em seguida. Caramuru, passou a ser considerado “pai biológico do Brasil” por conta desse casamento, portanto alguns itaparicanos o chamam de pai dos caboclos. Vale lembrar que a lenda também nos informa que a palavra Itaparica vem do Tupi, cujo significado é ‘cerca feita de pedras’, devido aos, arrecifes, sendo interessante saber, que são formados pelas mortes dos corais, que nada mais são que um grupo de animais marinhos que com o tempo, forma esses paredões calcários que também é chamado de Recifes.
Seguindo o roteiro, a comunidade de Itaparica comemora esses 198 anos de soberania com muito, mas muito mesmo, festejos cívicos pelas ruas da cidade. Começam no primeiro dia com a puxada do carro ainda sem a imagem do caboclo no início da noite, sinalizando com os fogaréus de fachos acesos.
No dia seguinte vem com a alvorada englobando foguetes, toques de tambores, cornetas, clarins e outros instrumentos musicais, tem o hasteamento da Bandeira no Forte de São Lourenço, saída do carro, acompanhadas pela Prefeitura no gerenciamento de quem tiver no mandato no período das comemorações e outras autoridades locais, juntando-se a quem quiser participar do cortejo: a comunidade, veranistas e turistas, bem como uma missa com cânticos de ação de graças que principia pelas palavras “Te Deum” (musicalização que exalta a Deus), na Matriz, Igreja de Nossa Senhora da Piedade, padroeira da Cidade, localizada na Praça da Piedade, ao lado do Forte São Lourenço, fundada em 1854, e a apresentação dos Caboclos na Aldeia dos Guaranis, seguidos de muitos festejos lúdicos, religiosos e profanos com apresentações musicais, folclóricos e religiosos, na Praça dos Veranistas e Campo Formoso, imperdível.
Não se tem registros, nem escritos e nem fotográficos, mas testemunhas configuram o Caboclo Guarani, Eduardo, morador da cidade, como o mentor e fundador do Grupo Os Guaranis desde 1939, fazendo sempre um ritual em praça pública, há mais de 80 anos. Os moradores com mais de 65 anos afirmam categoricamente que ele foi quem começou a organização de todo esse ritual com a encenação da “Roubada da Rainha”, daí por diante todo o festejo se modificou e girou em torno do caboclo. Eduardo se tornou também a representação artística da festa popular de Itaparica.
Fato é que não só o caboclo Eduardo condecora nessa festa os fatos históricos da Ilha de Itaparica, como temos quem ajudou a evitar a ocupação da cidade pela esquadra portuguesa, e dentre esses episódios, o povo nos contam a participação em muitos relatos de acontecimentos com a heroína Maria Felipa de Oliveira, mulher nativa, guerreira e valente, que liderou cerca de 200 pessoas, tocando fogo em várias embarcações portuguesas, como também deu surra de cansanção (arbusto urticante) em muitos desavisados, na luta pela libertação de seu povo, ajudando a vencer a guerra com sua atuação, tornou-se um ícone de misturas do imaginário com a história real de sua vida, sendo hoje estudado o seu desempenho na história da libertação de Itaparica, por várias entidades. E um misto de mulheres se caracterizam como essa batalhadora, em representação, consideração e respeito por sua bravura, desfilando com a comitiva, pelas ruas de Itaparica. Duas entidades são conhecidas que a representam, uma é a Associação Maria Felipa de Itaparica e a outra é o Movimento Novas Felipas de Vera Cruz, Salvador e Lauro de Freitas.
Para encerrar as comemorações, no último dia (9), cumpre-se o resguardo da imagem do Caboclo na Prefeitura, colocando o carro que conduz a imagem, no abrigo localizado na Praça do Campo Formoso, ficando guardado por lá até o ano seguinte, onde se recomeça novas celebrações e alegrias que realmente contagiam.
Viva o Caboclo de Itaparica.
Por: Sarita Rodrigues
Imagem: Tati Azeviche
Fontes: IBGE | Cidades@ | Bahia | Itaparica | História & Fotos
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RbhrAnpuh/article/view/32527
https://www.todamateria.com.br/page/108/
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